quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pais e professores mais presentes


  Palestrante fala do novo sistema de ensino que aproxima aluno e escola

“A ética é a ferramenta essencial para conseguir atingir o aluno. Tem como parâmetro o outro. Como educador preciso, acima de tudo, me colocar no lugar do educando e procurar fazer para ele aquilo que eu gostaria de receber”. Quem afirma isso é o professor e filósofo Antônio Arnaldo Gomes.

A necessidade do mundo de hoje é voltada cada vez mias para a especialização. O conhecimento está muito rápido e informação também. A escola precisa preparar o jovem para o mundo de hoje, mas isso não está acontecendo com frequência. “Talvez pela falta de incentivo do professor, das condições de trabalho ou de um sistema que não investe realmente para a educação ser formada de opinião”, diz.

Ela afirma que é difícil para os alunos entenderem a necessidade da educação e que eles vão para a escola sem saber o motivo. Muitas vezes, o que deveria ser um ambiente de encontro, de aprendizado, acaba sendo um campo de adversários.

Gomes também explica que os alunos precisam entender o significado do ‘estudar’. São desinteressados e não prestam atenção às aulas, que parecem cansativas e pouco dinâmicas. O que acaba resultando em evasão, reprovação e violência.

Grande parte dos alunos vem de realidades complicadas, de carência e violência. Portanto, se na escola o tratamento for igual, começam a observar a instituição como uma extensão da rua, extensão dos problemas, nos quais reina uma situação de não-vida. “Essas situações fazem com que os alunos não tenham incentivos, não acreditem em si e não tenham nenhuma perspectiva e projeção para o futuro. Eles se perguntam: ‘para que estudar se vou ser como os meus pais ou familiares’. Não entendem que estudando isso pode mudar”, afirma.

Além disso, os professores, responsáveis pelo ensino e formação, são tomados por um sentimento cada vez maior de frustração e desânimo, sentem-se de mãos atadas. E a pergunta mais frequente é: o que fazer?

Para Gomes, é preciso mudar a postura dos professores para que os alunos comecem a vê-los como alguém que os entenda, com quem possam se abrir e confiar. “A partir do momento que começamos a valoriza-los, essa relação muda. O jovem começa a prestar atenção e não vê mais o mestre como adversário”, afirma.

Esse novo formato de ensino, proposto pelo Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE), tem como objetivo manter os alunos em período integral na escola, promovendo interação com os professores. É a esperança de um País melhor.

“O projeto faz os aluno ser protagonista da educação e leva-o a acreditar em si. Nós também ficamos mais tempo com eles, o que possibilita melhorar o convívio.”
Um dos grandes fatores desse projeto é uma disciplina chamada “Projeto de Vida”, em que o aluno passar por reflexão, desde sua infância, e depois escreve o seu projeto de vida, o seu futuro.
“O aluno agora estuda não para passar de ano e sim para concretizar o seu futuro melhor. Vai dar certo? Tem tudo para dar, mas depende das pessoas”, afirma.

As mudanças dependem de todos, dos professores, do sistema educacional e até dos pais. Neste novo formato, o professor está o tempo todo com o aluno, que pode procurá-lo para pedir ajuda, tirar dúvidas, conversar sobre os problemas e ganhar confiança. “O estudante precisa sentir você presente na vida dele. Não pode haver aquele sistema eu te ensino, se você aprendeu, aprendeu e o problema é seu. Isso não é ideal”.

Segundo Gomes, a escola vem tendo mais aproximação com a família. Se houver falta de um estudante por dois ou três dias, a instituição já liga perguntando o que está acontecendo.

É importante os responsáveis estarem sempre perguntando ao jovem como está indo na escola, pois precisam ser motivados e estimulados a estudar, explicar que hoje há um leque muito grande e todos podem fazer uma faculdade. “Existem várias ações do governo o que facilita o estudo”, afirma. É importante perguntar o que o aluno está aprendendo, quais as dificuldades, como são os professores.

“Quando os pais ou responsáveis começam a ser presentes você percebe que o aluno passa a levar mais a sério os estudos, e isso pode mudar o nosso País”, afirma.

Obs: mais uma matéria minha publicada no Jornal da Educação, que pertencem ao Grupo Diário de Comunicação.

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