Palestrante fala do novo sistema de ensino que aproxima
aluno e escola
“A ética é a ferramenta essencial para conseguir atingir o
aluno. Tem como parâmetro o outro. Como educador preciso, acima de tudo, me
colocar no lugar do educando e procurar fazer para ele aquilo que eu gostaria de
receber”. Quem afirma isso é o professor e filósofo Antônio Arnaldo Gomes.
A necessidade do mundo de hoje é voltada cada vez mias para
a especialização. O conhecimento está muito rápido e informação também. A
escola precisa preparar o jovem para o mundo de hoje, mas isso não está
acontecendo com frequência. “Talvez pela falta de incentivo do professor, das
condições de trabalho ou de um sistema que não investe realmente para a
educação ser formada de opinião”, diz.
Ela afirma que é difícil para os alunos entenderem a
necessidade da educação e que eles vão para a escola sem saber o motivo. Muitas
vezes, o que deveria ser um ambiente de encontro, de aprendizado, acaba sendo
um campo de adversários.
Gomes também explica que os alunos precisam entender o
significado do ‘estudar’. São desinteressados e não prestam atenção às aulas,
que parecem cansativas e pouco dinâmicas. O que acaba resultando em evasão,
reprovação e violência.
Grande parte dos alunos vem de realidades complicadas, de
carência e violência. Portanto, se na escola o tratamento for igual, começam a
observar a instituição como uma extensão da rua, extensão dos problemas, nos
quais reina uma situação de não-vida. “Essas situações fazem com que os alunos
não tenham incentivos, não acreditem em si e não tenham nenhuma perspectiva e
projeção para o futuro. Eles se perguntam: ‘para que estudar se vou ser como os
meus pais ou familiares’. Não entendem que estudando isso pode mudar”, afirma.
Além disso, os professores, responsáveis pelo ensino e
formação, são tomados por um sentimento cada vez maior de frustração e
desânimo, sentem-se de mãos atadas. E a pergunta mais frequente é: o que fazer?
Para Gomes, é preciso mudar a postura dos professores para
que os alunos comecem a vê-los como alguém que os entenda, com quem possam se
abrir e confiar. “A partir do momento que começamos a valoriza-los, essa
relação muda. O jovem começa a prestar atenção e não vê mais o mestre como
adversário”, afirma.
Esse novo formato de ensino, proposto pelo Instituto de
Co-Responsabilidade pela Educação (ICE), tem como objetivo manter os alunos em
período integral na escola, promovendo interação com os professores. É a
esperança de um País melhor.
“O projeto faz os aluno ser protagonista da educação e
leva-o a acreditar em si. Nós também ficamos mais tempo com eles, o que
possibilita melhorar o convívio.”
Um dos grandes fatores desse projeto é uma disciplina
chamada “Projeto de Vida”, em que o aluno passar por reflexão, desde sua
infância, e depois escreve o seu projeto de vida, o seu futuro.
“O aluno agora estuda não para passar de ano e sim para
concretizar o seu futuro melhor. Vai dar certo? Tem tudo para dar, mas depende
das pessoas”, afirma.
As mudanças dependem de todos, dos professores, do sistema
educacional e até dos pais. Neste novo formato, o professor está o tempo todo
com o aluno, que pode procurá-lo para pedir ajuda, tirar dúvidas, conversar
sobre os problemas e ganhar confiança. “O estudante precisa sentir você
presente na vida dele. Não pode haver aquele sistema eu te ensino, se você
aprendeu, aprendeu e o problema é seu. Isso não é ideal”.
Segundo Gomes, a escola vem tendo mais aproximação com a
família. Se houver falta de um estudante por dois ou três dias, a instituição
já liga perguntando o que está acontecendo.
É importante os responsáveis estarem sempre perguntando ao
jovem como está indo na escola, pois precisam ser motivados e estimulados a
estudar, explicar que hoje há um leque muito grande e todos podem fazer uma
faculdade. “Existem várias ações do governo o que facilita o estudo”, afirma. É
importante perguntar o que o aluno está aprendendo, quais as dificuldades, como
são os professores.
“Quando os pais ou responsáveis começam a ser presentes você
percebe que o aluno passa a levar mais a sério os estudos, e isso pode mudar o
nosso País”, afirma.
Obs: mais uma matéria minha publicada no Jornal da Educação,
que pertencem ao Grupo Diário de Comunicação.
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