Na madrugada desta última quinta-feira, dia 29, o jornalista
Joelmir Beting morreu. Ele, ‘pra mim’, foi a inteligência do jornalismo econômico.
Revolucionou essa área tão complicada de trabalhar. Acredito que nós,
estudantes de jornalismo, perdemos um dos maiores nome dessa profissão.
Eu queria deixar os meus sentimentos para todos os familiares.
O jornalista Mauro Beting, filho de Joelmir, colocou uma carta
de despedida ao pai no seu blog. É muito emocionante, leia abaixo:
..::..
De Mauro Beting sobre o pai dele: Joelmir
Nunca falei com meu pai a respeito depois que
o Palmeiras foi rebaixado. Sei que ele soube. Ou imaginou. Só sei que no
primeiro domingo depois da queda para a Segunda pela segunda vez, seu Joelmir
teve um derrame antes de ver a primeira partida depois do rebaixamento. Ele
passou pela tomografia logo pela manhã. Em minutos o médico (corintianíssimo)
disse que outro gigante não conseguiria se reerguer mais.
No dia do retorno à segundona dos infernos meu
pai começou a ir para o céu. As chances de recuperação de uma doença autoimune
já não eram boas. Ficaram quase impossíveis com o que sangrou o cérebro
privilegiado. Irrigado e arejado como poucos dos muitos que o conhecem e o
reconhecem. Amado e querido pelos não poucos que tiveram o privilégio de
conhecê-lo.
Meu pai.
O melhor pai que um jornalista pode ser. O
melhor jornalista que um filho pode ter como pai. Preciso dizer algo mais
para o melhor Babbo do mundo que virou o melhor Nonno do Universo? Preciso.
Mas não sei. Normalmente ele sabia tudo. Quando não sabia, inventava com a
mesma categoria com que falava sobre o que sabia.
Todo pai é assim para o filho. Mas um filho de
jornalista que também é jornalista fica ainda mais órfão. Nunca vi meu pai
como um super-herói. Apenas como um humano super. Só que jamais imaginei que
ele pudesse ficar doente e fraco de carne. Nunca admiti que nós pudéssemos
perder quem só nos fez ganhar. Por isso sempre acreditei no meu pai e no
time dele. O nosso.
Ele me ensinou tantas coisas que eu não sei.
Uma que ficou é que nem todas as palavras precisam ser ditas. Devem ser apenas
pensadas. Quem fala o que pensa não pensa no que fala. Quem sente o que fala
nem precisa dizer. Mas hoje eu preciso agradecer pelos meus 46 anos. Pelos
49 de amor da minha mãe. Pelos 75 dele. Mais que tudo, pelo carinho das
pessoas que o conhecem, logo gostam dele. Especialmente pelas pessoas que não o
conhecem, e algumas choraram como se fosse um velho amigo.
Uma coisa aprendi com você, Babbo. Antes de
ser um grande jornalista é preciso ser uma grande pessoa. Com ele aprendi
que não tenho de trabalhar para ser um grande profissional. Preciso tentar ser
uma grande pessoa. Como você fez as duas coisas.
Desculpem, mas não vou chorar. Choro por tudo.
Por isso choro sempre pela família, Palmeiras, amores, dores, cores, canções.
Mas não vou chorar por algo mais que tudo que existe no meu mundo que são meus
pais. Meus pais, que também deveriam se chamar minhas mães, sempre foram
presentes. Um regalo divino.
Meu pai nunca me faltou mesmo ausente de tanto
que trabalhou. Ele nunca me falta por que teve a mulher maravilhosa que é dona
Lucila. Segundo seu Joelmir, a segunda maior coisa da vida dele. Que a primeira
sempre foi o amor que ele sentiu por ela desde 1960. Quando se conheceram na
rádio 9 de julho. Onde fizeram família. Meu irmão e eu. Filhos do rádio. Filhos
de um jornalista econômico pioneiro e respeitado, de um âncora de TV
reconhecido e inovador, de um mestre de comunicação brilhante e trabalhador.
Meu pai.
Eu sempre soube que jamais seria no ofício
algo nem perto do que ele foi. Por que raros foram tão bons na área dele.
Raríssimos foram tão bons pais como ele. Rarésimos foram tão bons maridos.
Rarissíssimos foram tão boas pessoas. E não existe outra palavra inventada para
falar quão raro e caro palmeirense ele foi. Mas sempre é bom lembrar que
palmeirenses não se comparam. Não são mais. Não são menos. São Palmeiras.
Basta.
Como ele um dia disse no anúncio da nova
arena, em 2007, como esteve escrito no vestiário do Palmeiras no Palestra, de
2008 até a reforma: “explicar a emoção de ser palmeirense a um palmeirense é
totalmente desnecessário. E a quem não é palmeirense… é simplesmente
impossível!.
A ausência dele não tem nome. Mas a presença
dele ilumina de um modo que eu jamais vou saber descrever. Como jamais saberei
escrever o que ele é. Como todo pai de toda pessoa. Mais ainda quando é um pai
que sabia em 40 segundos descrever o que era o Brasil. E quase sempre
conseguia. Não vou ficar mais 40 frases tentando descrever o que pude sentir
por 46 anos.
Explicar quem é Joelmir Beting é
desnecessário. Explicar o que é meu pai não estar mais neste mundo é
impossível.
Nonno, obrigado por amar a Nonna. Nonna,
obrigado por amar o Nonno. Os filhos desse amor jamais serão órfãos.
Como oficialmente eu soube agora, 1h15 desta
quinta-feira, 29 de novembro. 32 anos e uma semana depois da morte de meu
Nonno, pai da minha guerreira Lucila. Joelmir José Beting foi encontrar o Pai
da Bola Waldemar Fiume nesta quinta-feira, 0h55.
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