domingo, 3 de fevereiro de 2013

Que a tragédia de Santa Maria nos alerte e nos previna


Fui convidado para escrever o meu primeiro editorial escrito para o jornal DHoje. Olha só o que saiu: 

Precisava acontecer essa tragédia para começar a correria dos empresários por extintores em Rio Preto, conforme foi publicado no DHoje de ontem? Esse equipamento não é de suma importância para um estabelecimento? Precisava acontecer a morte de 236 jovens em uma boate para a Prefeitura e o Corpo de Bombeiros começarem a fazer varreduras nas casas noturnas?

As prefeituras de uma maneira geral e os Corpos de Bombeiros não têm equipe técnica em números suficientes para conseguir dar conta de fiscalizar tudo. É preciso que cada cidadão também faça a sua parte. Se você tem um estabelecimento ou uma empresa, é o seu dever estar de acordo com a lei. Procurar renovar os alvarás, recarregar os extintores. Afinal, é a tua vida, a vida da empresa e dos demais funcionários que estão em jogo. Não adianta querer deixar para depois ou achar que nada acontece conosco.

É difícil achar um culpado para o incêndio de Santa Maria. Mas é preciso aprender com os erros de hoje para que eles não se repitam amanhã. Todos os anos aparecem novas casas noturnas, algumas não conseguem funcionar num período de dois anos. Depois, trocam-se os nomes, fazem reformas dentro das casas e, segundo o engenheiro civil Avilson Ferreira de Almeida, presidente da Sociedade dos Engenheiros de Rio Preto, em entrevista concedida ao DHoje, a legislação para conseguir um alvará é coerente, porém o sistema de fiscalização é falho. “Não acontece um acompanhamento contínuo para saber como estão os estabelecimentos. Se houve alguma reforma, o proprietário não precisa mostrar para a Prefeitura”, diz.

Ás vezes, a administração municipal nem fica sabendo das mudanças que foram feitas dentro do estabelecimento. O proprietário, muitas vezes ganancioso, não quer gastar dinheiro para colocar novos extintores e na regularização do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).

Agora, quando vamos ao shopping com a família, ou no cinema ou teatro, até mesmo em algumas boates. Esses lugares não são clandestinos, estão instalados na cidade e a população imagina que os locais estejam atendendo minimamente as regras de segurança.

Pedir que as pessoas identifiquem os problemas de alguns lugares é complicado. É como levar o carro a um mecânico. Se um cidadão está levando é porque ele confia naquele profissional que vai arrumá-lo. Então, todos nós também confiamos na administração, nos fiscais, no Corpo de Bombeiros e nos empresários que têm seus estabelecimentos “regularizados”.

É importante que cada um faça sua parte, que o cidadão também observe os lugares que esteja frequentando. É fundamental observar onde são as saídas e se estão sinalizadas corretamente. Se há extintores nas paredes e não escondidos nos banheiros como publicamos na reportagem de ontem, na qual dizia que empresários acham feio o equipamento anti-incêndio pendurado.

Que essa tragédia de Santa Maria, fique nas nossas lembranças como um alerta, e que o descaso de alguns empresários e autoridades não caia no esquecimento.

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