HUMOR: AGRADAR OU AGREDIR?

Texto do ator e diretor Bemvindo Siqueira:

Postei há pouco sobre a violência da sociedade dos EEUU. O tema amplia-se.

Mesma pátria de onde surge e prospera o chamado “humor de insulto”.

No Brasil, setores mais contemporâneos, ensaiam seus passos neste tipo de humor.

Voltam-se sobretudo para adolescentes, cuja característica é serem rebeldes e agressivos por excelência. Forma que têm de questionar os valores vigentes de seus pais e antecessores. Estão na idade para isto.

Estes jovens, ao lado de cidadãos infantilizados, constituem um público certo para alguns standups que praticam o chamado “humor de insulto”.

Recentes estudos mostram que num casamento os insultos verbais podem até ser mais danosos que os insultos físicos.

O mesmo ocorre em todas as alianças sociais.

Noutro dia Tom Cavalcante criticou este tipo de humor.

Pra mim, este humor é filho dileto da violência instaurada na doentia sociedade ianque.

Humor é Graça. Graça é Harmonia. É uma percepção agradável da vida e do Mundo. É bênção que se recebe. Não é maldição, não é maldizer.

O resultado do que é gracioso é agradável, benigno, harmonioso e agregador.

O resultado do que é insultuoso é desarmoniosos, desagragador, humilhante, agressivo, doloroso.

Humor de insulto é a per/versão do humor, da Graça.

Embora possa fazer relativo sucesso e, alguns bolsões neoliberais no Brasil - e bastante sucesso nos EEUU - de alguma forma os que o praticam, os que se divertem com ele, e nossas sociedades, pagarão um preço por essa versão desgraçada de humor.

O mesmo custo/benefício que hoje pagam pela per/versão social que gera a violência e que insulta os que buscam a paz e a harmonia.

Minhas observações: O que o Bemvindo disse, tem razão, porém, não são todos os Comediantes de Stand Up que usam a "violência" nas palavras. Alguns falam muitos palavrões o que não acho certo! Usam esse humor para humilhar algumas pessoas, mas nem todos. Outra coisa não faço stand up, tenho os meus textos escritos, mas sei que esse humor não é fácil e não irei subir no palco para falar besteiras ou agredir as pessoas. Mas tem gente que faz isso. Porém sou observador e tento acompanhar todos os comediantes da atualidade. Outra coisa, faço humor no rádio, é diferente. Mas tenho algumas ideias sobre isso.

Exemplos: Meu parceiro Eduardo Jericó, com quem tive a honra de conviver um tempo no Rio de Janeiro. Ele é um comediante nato, tudo faz piadas e não usa palavrões. Tem um dos melhores textos que já vi. Outro que arrebenta sem palavrões é Murilo Gun, ele tem um excelente texto e poucos palavrões. To citando esses dois, mas existem outros comediantes que não usam palavrões e tem bons textos.

Eu por exemplo, uso a parte da comédia para criticar a política, pois querendo ou não, aquilo é um Stand Up Puro... Não podemos generalizar que todos os comediantes de Stand UP estão fazendo "humor sacana", não isso, não!
Porém, é claro, que existe um público. Um público que compra e não consegue selecionar o que é bom ou ruim. Por exemplo: Esses dia vi um comentário da Monica Iozzi no face, onde ela colocou: "Estou som sono, alguém quer dormir pra mim"... Abaixo já existiam vários comentários e um deles dizia: "Rachei, kkkkkkkkkk". Agora eu te pergunto: que graça tem nisso?

Não tirando os méritos da Mônica, porque ela é uma grande jornalista e tem um raciocínio muito rápido, inteligente, qualidades que a maioria dos comediantes precisam ter. Ela não é humorista, e sinceramente nem sei se faz ‘stand up’, mas faz humor/jornalista no CQC. Você pode está se perguntando aonde quero chegar com isso, quero chegar que o público terá que ser crítico, terá que selecionar os bons dos ruins. Você não pode consumir tudo que vê, tem que haver um senso.
Então, tá na hora do público selecionar os bons humoristas. Não quero subestimar as platéias, mas acho que o Brasil não fará isso, já que não consegue nem selecionar os nossos governantes.

Agora, alguns podem se perguntar: e como selecionar, como distinguir o que é bom ou ruim? Isso só acontece lendo, vendo e observando, ter uma referencia teórica das coisas. Assim, podemos pensar num País melhor, com mais críticos e menos “fantoches”.