segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A conquista do público com humor e inteligência

Por Adreana Oliveira
Jornalista

O programa “Diálogos Universitários”, idealizado pela Souza Cruz, teve sua primeira edição fora do ambiente da universidade no dia 6 deste mês. Isso graças ao palestrante, escolhido pelos alunos. Em duas horas as 800 vagas para assistir a palestra de Marcelo Tas foram preenchidas e ele veio a Uberlândia falar de novas mídias e comunicação.

Antes de atender os universitários, o jornalista, apresentador, roteirista, escritor e figura pop da TV brasileira atendeu ao CORREIO de Uberlândia para uma entrevista exclusiva. Em meia hora de conversa, Tas falou da sua formação, expectativas, política e arte. Nesse tempo, o engenheiro civil por formação mostrou que da mesma forma que intimida, é capaz de conquistar. Fala olhando nos olhos do seu interlocutor.

Os gestos são leves, as mãos que escrevem também são as mãos de um pianista clássico e, quem sabe, um futuro lutador de boxe. Por seus trabalhos anteriores, o apresentador do “CQC”, da Band, tem sua imagem muito ligada a educação, jornalismo crítico e ao moderno profissional multimídia.

Ele vive do presente. Do passado, boas lembranças, como a infância em Ituverava e o professor Tibúrcio, do programa “Ra-Tim-Bum”. Para ele, um personagem que levou a outros rumos, ou, nas palavras da lingüista e colunista, também leitora do CORREIO, Ana V. Zelante Menegasso “O melhor baby sitter que uma mãe de 3 garotas podia ter tido”. Conheça um pouco mais sobre esse “para raio de malucos”: Marcelo Tas.

CORREIO: Como você classifica a sua carreira neste momento? O “CQC” é o programa que te deu mais visibilidade nacional?

Marcelo Tas: A carreira da gente vai somando coisas. Evidentemente hoje o “CQC” é o projeto que mais dá visibilidade porque eu só estou conseguindo fazê-lo porque já fiz um monte de outras coisas. Mas curiosamente tem dias que eu recebo mais gente que vem falar comigo na rua sobre o “Ra-Tim-Bum” do que sobre o “CQC” ou o meu blog, ou sobre qualquer polêmica ou outro assunto que eu tenha comentado.

Eu acredito que a gente vive uma época bastante nova para todo mundo: para as empresas, para os comunicadores, para os jornalistas, para os professores. A comunicação não é mais aquela coisa assim: ‘ah, aquele é o cara do “CQC”’. Hoje, você, cada um de nós, somos expressão em várias mídias diferentes, mesmo que você não seja um comunicador.

Você pode ter um Facebook, um Twitter, subir um vídeo na internet reclamando de uma empresa. Qualquer pessoa tem condições de se expressar em várias mídias, até os comunicadores, que é o meu caso. Evidentemente que o “CQC” é um canhão. São duas horas numa rede nacional. Começou quietinho, mas a gente conseguiu conquistar uma coisa que eu preso e pela qual tenho o maior carinho.

Você tem sido chamado para falar em muitas palestras para estudantes universitários. Você vai falar de novas mídias e você estudou comunicação em Nova York também [Curso de Aperfeiçoamento Profissional em Cinema e Televisão e em Multimídia e Novas Tecnologias pelo Fulbright Scholarship Program na Tish School of Arts da Universidade de NY entre 1987 e 1988]. Qual a principal carência que você percebe nesse público?

Eu vejo que tem no Brasil, ainda há uma enorme distância do mercado com a universidade. Eu acho isso algo que a gente precisa cada vez mais ajudar a estreitar porque hoje em dia as coisas, as pesquisas, que antigamente eram feitas só nas universidades, são feitas, grande parte delas, em empresas de tecnologia justamente por conta dessa revolução digital. Você tem hoje uma série de coisas sendo expandidas, como os limites dentro de empresas. Durante muito tempo as escolas, as universidades brasileiras tiveram um certo preconceito com relação à participação do mercado dentro da universidade. Isso é muito ruim.

Uma cidade como Uberlândia, que tem empresas de tecnologia de ponta, empresas de logística, tem agronegócio, etc e tal, onde é importante que isso esteja inserido de alguma forma dentro da universidade. Que a universidade receba e também troque informação com esse tipo de empresa. Isso é muito comum nos Estados Unidos onde eu estudei uma temporada.

As empresas, algumas, inclusive bancam universidades. O Google, o Facebook, a Microsoft, a Apple são empresas que nasceram dentro das universidades e dialogam o tempo todo com elas. Aqui no Brasil eu talvez apontaria essa como a principal carência. A gente ainda tem uma universidade com um certo preconceito ou até uma certa ignorância de que o mercado é parte da sociedade. Por outro lado, temos também algumas empresas que não enxergam o quanto é importante que elas invistam, que inclusive doem recursos para que as universidades possam abastecer as empresas com gente que seja capaz de tornar o Brasil um país importante. Não é isso que a gente quer?

Em uma mesa sobre o mercado de trabalho no jornalismo fui questionada por alunos da Universidade Federal de Uberlândia sobre o por quê de eles não poderem fazer um estágio no jornal. O que acontece pelo fato de só serem liberados para 4 horas diárias, o que não daria a eles uma noção real do trabalho na redação. Esse estreitamento não é tão fácil de estabelecer…

Mas esse exemplo já mostra uma vontade. Eu acho que tem estágios ainda muito anteriores, infelizmente. Temos, por exemplo, a indústria química, ou farmacêutica que são indústrias de ponta que realizam a pesquisa de remédios para a aids, para a gripe, vacinas. É importante que o Brasil entenda que ele tem que sair de um ciclo que está inclusive claríssimo no nome do nosso país – Brasil, que vem de uma matéria prima que a gente exportava, o pau brasil. A gente precisa começar a colocar nosso talento, o nosso cérebro, nosso coração, nossa criatividade e fazer produtos que tenham outro valor, que não só o valor do minério, da soja, da carne, do álcool, da cana, ou do petróleo.

Está todo mundo entusiasmado com essa história de pré-sal. É mais legal a gente estar entusiasmado com a perfuração da Petrobras, com os avanços de tecnologia da Petrobras do que com o próprio óleo. Eu não sei se daqui há 5, 10, 15 anos quando a gente conseguir – se a gente conseguir – tornar essa operação uma operação lucrativa se a gente vai querer usar petróleo ou se o petróleo ainda vai ter algum valor. Se a gente quiser dialogar com o mundo em um nível para nos deixar em uma situação digna, com melhores condições para todos, a gente tem que sair do blá-blá-blá e investir na educação, na criatividade, no desenvolvimento de pesquisa que é o que nos pode fazer sair dessa fase de produtores de grãos, produtores de minérios. A gente precisa parar, precisamos partir para outra parte do joguinho.

E para isso a gente precisa de cidadãos mais críticos, mais participativos. Fale um pouco como o Marcelo cidadão crítico surgiu. Quando estava na escola, a influência dos teus pais, o que você acha que foi primordial para essa sua formação de ser alguém que tem muita bala na agulha, que tem uma certa liberdade para falar e para ser exemplo para muitas outras pessoas.

Eu já nasci com esse defeito de fabricação, por assim dizer. Os meus pais foram muito importantes para a minha formação. Os dois são professores, eles sempre estimularam a minha leitura. Eu comecei a ler muito antes de ir para a escola. E eu nasci numa cidade pequena, aqui no interior de São Paulo, chamada Ituverava, que fica perto daqui, perto do Triângulo Mineiro. Eu comecei a minha rebelião justamente com os meus próprios pais, porque eles eram professores e quiseram me matricular nas escolas em que eles davam aula. Comecei no primeiro ano primário na classe da minha mãe. Minha mãe era minha professora. Eu sai imediatamente da escola. Eu, com seis anos, falei, ‘mãe, isso é impossível, olha, isso não dá’. Mudei de escola, me botaram na escola em que meu pai também dava aula, mas ele não era o meu professor. Mas eu sai de novo, até o 3º ano eu experimentei três escolas por minha vontade. Eu falei: ‘eu preciso ficar numa escola em que eu me sinta à vontade. Eu não quero ser filho de alguém, eu quero, ser igual a todo mundo’. E foi engraçado isso de perseguir a minha independência. E acho que conquistei, estou conquistando. Acho que todo mundo pode fazer isso.

A sociedade avança porque ela tem que querer avançar, temos que parar com essa besteira de ficar esperando a Dilma, o Lula, o Aecinho, o Fernando Henrique, isso não existe. A sociedade avança apesar do governo e não por causa do governo.

Nesse sentido eu sou bastante otimista, pelo menos por enquanto, com relação à presidente Dilma porque ela se mostra uma pessoa mais discreta que o Lula, que se colocava como um salvador. As pessoas caiam nessa conversa dele. Coisa que eu nunca cai. Eu fui muito criticado porque eu era crítico ao Lula. Sempre achei que ele fazia mais propaganda do que fato. E agora isso está claríssimo, o Brasil, esse país com essas estradas que são uma vergonha, com essa saúde que é uma vergonha e com essa educação que é uma vergonha. Foram oito anos de marketing e muito pouco de fato. Claro, tem alguns avanços sociais e tudo, mas, para mim é pouco. Esses pequenos avanços sociais a custa de muito dinheiro, inclusive, doado. Eu acho isso pouco consistente. E sem consequência.

Quando você ganha as coisas de mão beijada não valoriza. Não é a mesma coisa de você criar consciência e as pessoas correrem atrás e sentirem que elas são remuneradas pelo mérito do que elas conseguiram. É claro, eu to aqui, eu reconheço milhões e milhões de brasileiros que acordam muito cedo, que trabalham, estudam ainda à noite, com sono e o brasileiro é um cara que se esforça muito, mas ao mesmo tempo, na hora de cobrar ele se contenta com pouco.

E você tem tempo ainda para se atualizar para estudar, como está seu tempo, sua agenda. Consegue se divertir?

Quanto a estudar eu estou me devendo, estou planejando estudar mais, sinto muita necessidade de estudo, essas viagens como esta a Uberlândia me ajudam a compartilhar um pouco de informação e conhecimento com essa molecada que eu vou conversar. Quando eu faço palestras num ambiente universitário, ou corporativo, que tem acontecido bastante, é onde eu mais troco informação. É fascinante este caminho que está se abrindo. É um trabalho ao qual eu me dedico bastante a me preparar para a palestra e me preparar para receber o que eu vou ganhar com a palestra, quer dizer, o que as pessoas vão me trazer de informação.

Diversão é algo que eu prezo bastante e atualmente quase inteira ela vai junto com os filhos. Eu tenho muitos filhos, três, então eu vivo bastante com eles. Uma filha mora nos Estados Unidos e dois moram comigo. Já é o suficiente porque eles têm muitos programas, consigo me divertir bastante com eles. Também tenho muitos amigos. Sou um cara que gosta de conversar, um vinho, e gosto de ouvir também, gosto de gente diferente. Eu não sou um cara que convive só com quem faz televisão ou é jornalista. Eu tenho amigos médicos, escritores, roteiristas, advogados. Não fico preso num círculo, nunca fui assim. Sempre estive cercado…gente estranha geralmente. Eu tenho amigos bem diferentes, pessoas que não são muito comuns eu acredito. Eu sou uma espécie de pára raio de malucos, atraio muitos malucos. Tenho amigos malucos que eu amo, mas de várias profissões e não necessariamente artistas ou sei lá, gente de TV ou de comunicação.

Dê sua opinião sobre um assunto que tem levantado muitas discussões: bullying.

Crime. A gente tem que ficar muito atento a isso. Tem o bullying que é a brincadeira de criança, eu acho que isso é bastante saudável, a gente tem que saber lidar com ele, a não fazer dele um fardo que vai te marcar a infância de maneira ruim. Tem uma outra coisa que está crescendo que é a violência mesmo contra crianças. E isso é inadmissível é uma violência covarde geralmente. E tem um exibicionismo nisso também. Tem gente que além da violência gosta de gravar, de mostrar isso e isso a gente não pode tolerar.

Agora vamos partir para assuntos mais amenos, o Tas mais informal. Me fale de um livro que você tenha lido mais de uma vez e recomenda.

Se chama “O Livro do Desassossego”, do Fernando Pessoa. Da para ler para o resto da vida esse livro.

Cinema: algum filme te chamou a atenção nos últimos anos?

Tem uma menina que me chama a atenção que é a Sofia Coppola. E ela faz filmes que eu acho extremamente delicados e curiosos assim. E eu estou falando de um mais antigo, o “Lost in Translation” [“Encontros e Desencontros”]. E esse mais recente dela que é muito maluco, que eu não vou me lembrar o nome [Somewhere – Um Lugar Qualquer]. É um filme que não tem história, você fala, ‘mas que hora que vai começar o filme’, e quando acaba você fica uns três dias com aquele filme na cabeça.

Música: algum estilo específico te agrada, tem algo que você não tolera?

Eu gosto de todos os gêneros musicais. Apesar de ter uma formação musical eu gosto muito de música clássica, toco piano. Mas eu gosto de tudo. Por conta da minha infância, eu fui criado ouvindo música caipira. Eu amo Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Milionário e José Rico, gosto inclusive desses caras, esses novos de boa qualidade, como César Menotti e Fabiano. Eu adoro o swing, e quando eu falo de swing estou falando desde o funk americano, a música negra americana, o soul e o funk, até a rumba do Caribe, da Colômbia. O último moleque que eu adorei é um cara chamado Jimmy Drama. É um colombiano que é um rapper, que mistura rap com rumba, é uma preciosidade. É um moleque muito talentoso, muito sirigaita. Tem sempre um duplo sentido, uma coisa meio Kid Moringueira, aquela malandragem carioca mas com rumbia. Um cara bem legal, sensacional.

Que tipo de comida você mais aprecia?

Eu gosto demais de comida mineira, por razões óbvias. Costelinha de porco, feijão tropeiro, quiabo, jiló, enfim, tudo isso eu acho muito gostoso, frango ao molho pardo e tal. Mas eu adoro, talvez para compensar, cogumelo. Eu sou louco por cogumelo, eu conheço muito esse assunto. E talvez seja a única coisa que eu sei fazer bem. E parece muito fácil, mas é difícil de fazer bem cogumelo. Então, cogumelo com pasta, por exemplo, e uma boa garrafa de vinho… é muito bom.

O que você faz para manter a forma?

Ando. Se a pessoa tiver boa vontade e andar todo dia, 40 minutos, é o suficiente, mas tem que ser todo dia. Eu estou em falta há duas semanas com essa minha prática, mas é o que eu faço regularmente e estão agora me empurrando para lutar boxe, veja você… e eu estou gostando dessa idéia. Eu já comecei, fiz o meu teste, o meu professor já achou que eu tenho talento para o negócio, e quem sabe daqui a pouco eu vou poder estar me apresentando em algum ringue assim.

Tem alguma mania?

Eu tenho várias. Por exemplo, eu gosto de chaves. E adoro saber onde elas estão. Então, eu compro, em antiquários esses lugares de pendurar chave. Eu tenho uns três lugares na minha casa onde eu sei exatamente onde está tal chave. A maldição é que como tem muita gente morando dentro da minha casa eles roubam as minhas chaves, porque eu sei onde as minhas estão e eles sempre perdem as deles.

Tem algum medo?

Claro, todo mundo tem que ter medo. Eu tenho medo da ignorância, acho que é o que eu mais tenho medo. E ignorância para mim significa uma pessoa não entender o que você falou e se tornar violenta. Eu acho que a ignorância é a coisa mais triste que existe no mundo. Porque em qualquer situação que a gente esteja, por mais que exista uma diferença cultural entre os lugares que você viaja sempre é possível você conversar. Sempre é possível você ouvir a pessoa, seja ela um extremista religioso, ou seja ela um moralista, um cara que não admite, que tem regras muito rígidas. Ou, que seja, do outro lado um devasso. Sempre há a possibilidade de diálogo, uma convivência, mas quando a ignorância ultrapassa o afeto, a vontade de conviver, as pessoas ficam muito violentas e eu tenho muito medo disso.

Tem um sonho de consumo?

Tenho. Eu quero comprar uma passagem para a estação espacial internacional. Custa US$ 15 milhões. Se alguém quiser fazer uma vaquinha ai e me ajudar é o meu sonho de consumo.

Tem algum dos seus personagens que você sinta mais saudade?

Eu não tenho saudosismo. Saudosismo não faz parte da minha genética. Eu tenho o maior carinho, por exemplo, pela minha infância, a minha Ituverava. Mas eu não fico saudoso, não alimento um saudosismo daquela época. Eu tenho o maior carinho pelo professor Tibúrcio [personagem dele no programa “Rá-Tim-Bum”]. Talvez seja o personagem que mais mudou a minha carreira profissional até hoje. Eu só fazia um determinado tipo de coisa e comecei a trabalhar com criança e atuar. Fui ator e diretor porque eu dirigia e escrevia também o professor Tibúrcio.
Mas eu não me pego com saudades porque eu sou um cara muito ligado no hoje, no que está acontecendo hoje. Estou muito feliz por estar aqui em Uberlândia e com a maior expectativa de quem eu vou encontrar hoje a noite. Não tenho muito apego. Eu não tenho apego ao “CQC” que foi ao ar segunda-feira passada, eu já estou querendo entender como vai ser o próximo e isso é da minha natureza. Eu tenho o maior carinho pelo Museu da Língua Portuguesa [em São Paulo]. Eu trabalhei nele, eu criei um game que tem lá, o ‘Beco das Palavras’, mas, não fico alimentando pensamentos do tipo ‘como foi bom aquele ano’.

Hora de terminar, tem 800 estudantes esperando por você…[a entrevista foi realizada no dia 6 de abril].

E eu fico muito feliz mesmo de estar por aqui e vou te contar. O meu interesse pela comunicação começou justamente por eu morar no interior. E eu me lembro muito criança, em Ituverava, de estar interessado em rádio AM. Eu ganhei um radinho do meu avô quando eu era muito criança porque eu queria ouvir o Rio de Janeiro, São Paulo, e uma vez eu peguei em ondas curtas a BBC de Londres. É assim, eu falei: ‘nossa, o mundo é muito maior do que esse lugar onde eu estou’. Então, hoje você vê uma pessoa que vive no interior do Brasil ela tem uma total comunicação com o mundo inteiro, não existe hoje uma barreira para você acessar o conhecimento ou a informação, como havia quando eu nasci aqui pertinho. Por isso eu estou muito feliz por ter sido convidado para voltar a essa região e compartilhar o que eu aprendi depois que eu sai de Ituverava e fui navegar nessas outras ondas por ai…

Fonte: Correio de Uberlândia

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