No século XIX, na velha Europa, existia um camponês, conhecido como "o caçador do gênio da lâmpada".
Vivia ele uma rotina: trabalho, simplicidade e a ilusão na procura pelo tal gênio, para que este realizasse seu ganancioso desejo de ficar rico. Após anos e anos de "caçadas" e buscas, chega o dia em que encontra a tão almejada lâmpada mágica soterrada na areia de uma praia afastada. O camponês nem acreditando, ajoelha-se e começa a polir a tal lâmpada esfregando-a repetidamente, até que surge lá de dentro uma nuvem de fumaça azul, trazendo o gênio, que num gesto de submissão assim falou:_ "Sou seu servo, e estou pronto para realizar seu desejo, és o meu senhor".
O camponês radiante, logo respondeu: _ “Te procuro há décadas e meu desejo é um só: ficar rico... muito rico”.
O gênio perguntou se bastavam 10, 100 ou 1000 barras de ouro.O camponês seguidamente gritou:_ “Mil, quero mil barras de ouro!” E o gênio obedecendo, faz surgir as barras desejadas. E se despedindo deixou bem claro em suas palavras: _ “Se um dia desistires da nova vida de riquezas, saiba que eu, somente eu, poderei devolver-lhe a antiga vida de simplicidade que possuías...” E lá vai embora, viajando na nuvem de fumaça azul, até sumir de vista.
“O agora “novo rico” nem agradece, e rindo das palavras do gênio, resmunga:_” Aquela pobre vida nunca mais...
O tempo passa... e o ex-simples camponês possui cada vez mais bens, agora é invejado e alvo de cobiça. Está sempre acompanhado de servidores, ou sócios e até seguranças. Agora é convidado para festas, recepções e chamado de "doutor". O assunto é sempre o mesmo: fortuna, ostentação, investimentos, compras, vendas... ganhar... ganhar! Estar rodeado de pessoas não significa não ser solitário...
E numa manhã chuvosa, na frente do espelho em seu luxuoso palácio, num momento de lucidez, o rico, o doutor, o abastado ex-camponês pergunta a si mesmo:_ “Onde estão meus antigos e bons companheiros, cadê o tempo que eu tinha pra minha família, cadê as palavras sinceras das conversas desinteressadas, cadê os sorrisos verdadeiros?... Cadê minha liberdade? “E colocando uma vestimenta simples, lá foi o camponês, voltar a fazer o que tanto já fizera: procurar o gênio da lâmpada. Pois lembrou-se que o gênio, somente o gênio poderia devolver-lhe a vida de simplicidade e liberdade, de quando acreditava em ilusão!
E pra pensar (e é sempre bom pensar!) reescrevo aqui uma sabedoria árabe citada por Homsi em sua página no "Diário": "A RIQUEZA DO SÁBIO É SUA MENTE, A RIQUEZA DO TOLO SÃO SEUS BENS".
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